Foi no dia 7 de Abril de 1948 que a Ilha da Madeira teve o privilégio de receber a visita da Virgem Peregrina.
A nossa Ilha do Porto Santo devido à sua pequena territorial e ainda mais à grande inacessibilidade que então se sentia e vivia, não era possível a Sua visita física.
Contudo, uma quantidade considerável de portossantenses não deixou de se associar aquela efeméride que, marcou profunda e positivamente, todo o bom povo desta Região.
A chegada do barco Lima, que transportava a Imagem da Senhora de Fátima, chegaria ao Porto do Funchal no dia 7.
Consequentemente, a ida para o ilha vizinha deveria realizar-se antes e, como a ligação entre as duas ilhas era feita através dos barcos carreireiros, urgia aproveitar o bom tempo e começar a transportar aqueles que queriam estar presentes na chegada da Senhora; por isso, uma semana ou antes, começaram as viagens.
Nessa altura, já alguns dos nossos barcos possuíam motor, embora fossem precisas cerca de 9/10 horas para o percurso.
A lotação de passageiros, dos barcos maiores, era de 10/12 pessoas e nos mais pequenos 8/10 pessoas.
Todos aquelas que pretendiam viajar, deslocavam-se atempadamente, até ao cais e ai aguardavam, pacientemente, a chegada do cabo do mar, que permitiria a entrada no barco. Alguns não eram contemplados e, então esperavam pelo outro dia e por outro barco, na esperança de estarem presentes na veneração à Mãezinha do Céu.
Algumas famílias inteiras deslocaram- se ao Funchal, enquanto outras alguns elementos mas, apesar disso, foram muitos os portossantenses que tiveram o privilégio de estar presentes e, viverem intensamente aquele acontecimento.
Os que não tiveram aquela oportunidade, devido a variadíssimos factores, não quiseram nem deixaram de intervir e, num desejo de aproximação física, porque o seu espírito, esse estava bem perto da Virgem, quiseram partilhar e associar-se, embora à distância, aquele louvor, aos muitíssimos outros peregrinos que A acompanhavam ou A aguardavam, com grande ansiedade. Então naquela manhã do dia 7 de Abril, deslocaram-se em grupos ao nosso cais e a alguns pontos altos da Ilha, a fim de avistarem o barco Lima, aquele que transportava a Imagem da Senhora e, em preces muitos sentidas e cânticos preparados para o efeito e outros, saudaram-Na com grande entusiasmo, emoção e fervor.
O barco ao aproximar-se da Ilha, desviou um pouco da baia o que causou um grande contentamento e regozijo na população.
O nosso povo viveu com grande intensidade, ardor e fé a visita da Imagem Peregrina à nossa diocese e, ao dar-se quis também dar algo, um símbolo físico que perdurasse, que ficasse como marco deste acontecimento.
Ao oferecer-se e, depor aos pés da Virgem a família, os amigos e toda a humanidade, juntou um rosário feito em ouro.
Nessa altura o dinheiro escasseava e, os que não tinham e também queriam participar, ofereciam algo que possuíam de valor, inclusive brincos e anéis, sendo estes objectos em ouro; davam, portanto, aquilo que demais precioso tinham em seu poder.
Nesse tempo, o Porto Santo contava com dois párocos; o Padre Silvano Ernesto Jardim, Vigário e o Padre Analecto, Cura, tendo tido aquele a honra de ter colocado na Virgem o rosário, dádiva do povo do Porto Santo, representando nele todo o amor e dedicação à Senhora do Rosário
Oferecemos o rosário em ouro
com muita devoção
É do povo do Porto Santo
Que também vossos filhos são
O barco Lima chegou à pontinha do Funchal durante o dia , sendo aguardado por muitos milhares de fiéis, vindos de todas as partes das ilhas que entoavam a linda e sempre actual O Gloria da nossa Terra que nos tens salvado mil vezes, enquanto houver Portugueses Tu serás o seu Amor. Veio em procissão até a Sé Catedral onde permaneceu toda a noite, tendo sido venerada por milhares de fiéis devotos .
No dia seguinte saiu para os concelhos da zona Oeste e, ao regressar à cidade do Funchal, um pequeno acidente atrasou a sua chegada, o que contribuiu para que muitos doentes que a Aguardavam nas suas macas nos jardins do Hospital dos Marmeleiros, tivessem de voltar para os seus quartos, tendo permanecido apenas, aqueles cujas condições físicas assim o permitiam. A chegada ao Hospital aconteceu, ao romper do dia , era a « Estrela da Manhã » e a « Saúde dos Enfermos » que vinha visitar os seus filhos doentes.
O Cónego Vaz, capelão do Hospital, na saudação a Virgem dizia « Senhora esta é a casa das dores » . Segui depois para a Zona Leste da Ilha tendo regressado, novamente ao Funchal onde milhares de fieis a aguardavam na Igreja do Colégio e Praça do Município.
As ultimas cerimonias realizaram-se ai já ao anoitecer e, as pessoas munidas com as suas velas entoavam os cânticos à virgem, enquanto A acompanhavam na despedida, até a Pontinha.
A visita de Senhora foi um momento alto muito importante para os habitantes da nossa Região porque puderam viver e gozar da presença da Imagem Daquela que escolheu o nosso Portugal para visitar e falar aos três pastorinhos.
Muitos dos bafejados pela sorte que viveram este acontecimento diziam:
Nunca foi a Fátima a Cova da Iria mas, a Senhora veio ate nós e isso basta-me porque tive a alegria de vê-la.
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