Senhor,
temos as mãos cobertas de palavras. Falam de um recado de Deus e de um Filho gerado na solidão. Falam de um silêncio branco, um segredo de perguntas caladas, guardadas num verbo que veio mudar a humanidade: Faça-se! Falam de uma cruz a rasgar os céus e a abrir espaço para a eternidade. Falam de Maria, a mais Perfeita das Mulheres, a Mais amorosa das Mães, o Sonho que vestiste de luz, para iluminar os homens. Falam do Seu olhar que, vindo do céu, se derramou em nós e fez da nossa terra uma Azinheira.
Deixa, então, que as nossas palavras se ajoelhem aos pés da Imagem da Tua Mãe, esta que tem sido companheira do peregrinar de uma diocese inteira. Deixa que as nossas mãos escolham as palavras melhores, as mais limpas, as mais doces, as palavras que o coração tem escrito nestes dias em que Ela nos olhou nos olhos e nos disse:
- Filhos!
Deixa-nos agora, Senhor, abraçar a Mãe. Fátima é também o Seu nome. É nome desta igreja que recebeu, por estes dias, a presença da Sua Imagem Peregrina e fez dela sua. A Mãe veio visitar a nossa casa. Por Ela, enfeitámos os caminhos, iluminámos as janelas, pendurámos música nos beirais do nosso tempo. Bordámos as ruas de esperança e levantámos as mãos aos céus, como naqueles dias de Fátima.
Por Ela, recitámos a vida nas contas do terço e pedimos-lhe o que nos faltava: luz para a nossa a noite, cura para as nossas dores, amparo para os nossos medos.
Temos as mãos cobertas de palavras. Temos o peito cheio de ternura. Porque o Seu olhar de Mãe se prendeu ao nosso. Porque as Suas mãos de mãe seguraram as nossas. Porque o Seu manto de mãe nos protegeu do desespero.
Deixa-nos, agora, aproveitar o silêncio. Ele ficará no espaço que a Imagem há-de deixar aqui. Em nós, há-de ficar a ternura de um voz branca e doce que nos ensina o caminho: Fazei tudo o que Ele vos disser! Em nós, há-de ficar a certeza de que a Mãe ficará de pé, na hora da nossa cruz, para nos segurar as mãos, para nos limpar as lágrimas, para nos acolher no colo do Seu manto, no momento da nossa morte.
Deixa-nos abraçar a Mãe. Dizer-lhe que sim, que entendemos a mensagem. Porque Ela veio. Porque Te trouxe. Porque não precisamos de mais nada.
Temos as mãos cobertas de palavras. Estas:
Ave Maria, cheia de Graça, o Senhor é convosco, Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o Fruto do Teu ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen.
Texto - Graça Alves
Foto – Carlos Cabral
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