Em primeiro lugar, um apelo à coerência da fé pessoal, uma fé vivida e testemunhada na vida.
A vela acesa, que levamos em nossas mãos e nos ilumina na caminhada de uma procissão nocturna, lembra-nos a luz de Cristo, a luz da fé, recebida no nosso Baptismo!
Uma fé, que será luz e força a ajudar-nos a viver, em união com Deus, como Maria, as dúvidas e as incertezas, as alegrias e os sofrimentos de cada dia!
Uma fé, que se há-de expressar na oração diária e na participação na Missa de cada Domingo, e não apenas nas grandes celebrações e festas tradicionais – Missas do Parto, Padroeiro, Santíssimo Sacramento, etc.
Uma fé, que seja luz a iluminar os caminhos da nossa vida de cada dia, vivendo segundo os ensinamentos de Jesus: “Fazei o que Ele vos disser” – recomendou-nos Maria, nas Bodas de Caná!
Amor e união nas famílias
Em segundo lugar, um apelo ao amor e à união nas famílias. E o que é preciso para que tal aconteça? – Entre marido e mulher, entre pais e filhos/filhos e pais, e nas relações com os outros familiares, sobretudo quando não têm ninguém mais próximo…
Lembra-nos o Livro do Génesis: Deus criou o Homem, Homem e Mulher os criou. – “Por isso deixará o homem pai e mãe, unir-se-á à sua esposa e serão os dois uma só carne”(Gn 2,24), isto é, “uma comunidade de vida e de amor”, como disse o Concílio Vaticano II.
Para isso, o que é preciso fazer? Muito diálogo, compreensão e perdão; dizer sim à verdade e não à mentira, sim ao trabalho e não à preguiça; não ao álcool em demasia, que é fonte de tantos problemas familiares; não à infidelidade e a qualquer forma de violência nas palavras, nos gestos, nas atitudes. O amor cultiva-se e desenvolve-se, com o esforço e empenho de todos!
É importante viver e dar testemunho do ideal de família cristã, assente na união estável de um homem e uma mulher, numa relação inter-pessoal de amor aberto à vida; família que é célula fundamental da Sociedade e da Igreja.
Solidariedade humana e fraternidade cristã
Por fim, um apelo à solidariedade humana e fraternidade cristã, pela prática do amor-caridade. Como diz S. Tiago, a fé sem obras é morta e as obras da fé são as obras do amor-caridade (cf. Tg 2,17).
A solicitude de Maria que vai ao encontro de sua prima Isabel, para estar perto dela e a ajudar, nos tempos próximos de ela dar à luz o seu filho João (João Baptista) é também para nós exemplo e estímulo (cf. Lc 1, 39-40).
Como Maria, havemos de estar atentos às necessidades dos outros, no contexto concreto da realidade que nos envolve; ir ao encontro de quem precisa, prestando a ajuda fraterna que estiver ao nosso alcance, em gestos de presença e partilha de bens, de forma muito pessoal e discreta ou em grupos organizados (Cáritas, Vicentinos, Grupos Sociais); havemos de ser solidários, sentir e estar com os outros nas horas de alegria e, em especial, nas horas de sofrimento.
A este propósito, não posso deixar de manifestar, aqui, todo o meu reconhecimento pelo testemunho de amor fraterno e generosidade, expresso no ofertório da Eucaristia do passado domingo, no Cabo Girão, e pelas outras ofertas que, entretanto, chegaram à Diocese para apoio às vítimas do sismo do Haiti (12 de Janeiro): a tristeza daquele acontecimento suscitou gestos de grande nobreza humana e fraternidade cristã! Como já foi publicitado aquele ofertório somou 10.264,11€, tendo a Diocese recolhido até ao presente, cerca de 18.000,00€. Bendito seja Deus por isso!
Que Maria-Mãe, Virgem de Fátima, Senhora da Mensagem, nos ajude a pôr em prática estes apelos que hoje nos dirige: coerência da fé na vida de cada dia, amor e união nas nossas famílias, gestos de solidariedade e amor fraterno!
Câmara de Lobos, 24 de Janeiro de 2010
† António Carrilho, Bispo do Funchal
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