A manhã acorda a cidade e o sol espreguiça-se no mar. A natureza tenta ressuscitar também da noite sem luares da sexta-feira.
Agora, a vida rompe de dentro da terra, grávida, agora, de alegrias. As mulheres, peregrinas, viram a pedra do sepulcro removida e os lençóis vazios. Simão Pedro entendeu, finalmente, que a Palavra era verdade e que o Homem que ele tinha negado três vezes era efectivamente o Filho de Deus. A morte, força da terra, fora vencida pela vida, força do céu. O tempo, esgotado, apresentava caminhos de eternidade. A cruz tinha afinal valido a pena. O ar abria-se em aleluias, rasgando o silêncio, dando sentido à dor e às lágrimas e ao sangue.
E Maria? Onde está a Mãe no momento da Ressurreição? Tivemo-la junto da cruz.. Limpámos-Lhe as lágrimas no momento do
-tudo está consumado.
Vimo-La recolher no Seu abraço o corpo do Filho morto.
Agora, no momento da alegria, da Nova Primavera, a Senhora guarda-se no recolhimento do silêncio. Outra vez. A Sua Missão estava cumprida.
Agora, no momento da alegria, Ela está connosco. Participa da nossa vida. Ajuda-nos a reconstruir o que as lágrimas da terra arrastaram para o mar.
Agora, é a vida. A natureza acordou com a Páscoa do Homem que rompeu o tempo. A Mãe está connosco. Vai peregrinando connosco. Procuramos o Cristo Ressuscitado. Com Ela. Na protecção do Seu colo.
Graça Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.