A noite vestiu-se de veludo para o concerto e desceu à cidade. A Igreja do Colégio fez-se embrulho do presente que a cidade fez à Senhora de Fátima, Peregrina numa ilha que conhece o aconchego do sol e a raiva da terra.
A noite pousou sobre os ombros uma écharpe de luz e acendeu a festa. A Imagem já estava lá. À espera. Mãe que recebe os filhos e os junta à volta da mesa. Doce. Tão doce que o Seu olhar ofuscava a talha dourada deste templo maneirista que mora no coração da cidade.
Quando a voz de D. Carrilho entrou, quando as palmas calaram o silêncio, quando a noite fechou os olhos, a música inundou o espaço. Metais, cordas e vozes foram pontes para a espiritualidade.
A noite, iluminada, cantou também. Nesta noite, compositores e intérpretes abraçaram Nossa Senhora de Fátima e entregaram-lhe cada nota, cada silêncio, como quem dá um presente. E Maria foi a Imaculada Conceição, a Rainha Suprema, a Mater Amata, a Cheia de Graça, a Senhora das Dores, a Regina Coeli.
Serena, a Imagem Peregrina sorria. Posso jurar que sim. As Suas mãos, em ogiva, pediam certamente pelos que, com o seu trabalho, transformaram esta igreja num lugar de paz.
Foi uma noite branca. E a música foi incenso que nos aproximou do céu.
Graça Alves
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